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As cidades do futuro são Cidades Inteligentes

As cidades estão a evoluir e a inovação desempenha um papel importante nesta transformação. Há quase 10 000 anos, os caçadores-recolectores aprenderam os segredos da agricultura e conseguiram cultivar os seus alimentos. Pela primeira vez na história, os humanos encontraram uma forma de sobreviver sem se deslocarem para um território diferente para encontrar novas fontes de alimento. E foi assim que tudo começou.

A inovação sempre foi vital para melhorar e evitar o colapso das comunidades e, mesmo que tenhamos evoluído muito desde que os caçadores-recolectores mudaram o curso da história, ainda há muito a fazer.

IoT: A tecnologia central sobre a qual se constrói a cidade do futuro

Atualmente, as cidades estão a tornar-se mais “inteligentes” para melhorar a prestação e a qualidade dos serviços. Fazem-no através da monitorização contínua dos residentes e das infra-estruturas e da comunicação, relativamente instantânea, de desempenhos insuficientes. Em grande medida, isto requer uma forte dependência da automação, da conectividade à Internet e do que é referido como a “Internet das Coisas” (IoT): a ligação de dispositivos à Internet que podem ser controlados ou utilizados para enviar informações de controlo.

As cidades são feitas pelas pessoas que as habitam e as pessoas são profundamente afectadas pela cultura e pela própria cidade. Assim, duas cidades que enfrentam o mesmo problema podem necessitar de duas soluções diferentes.
E esse é o principal desafio encontrado no desenvolvimento de uma cidade inteligente. Uma cidade inteligente não é apenas uma cidade que utiliza tecnologia de ponta. É uma cidade que estuda cuidadosamente os hábitos e as necessidades dos seus cidadãos e tenta resolvê-los da forma mais adequada.

Sem a Internet das Coisas, as cidades inteligentes não existiriam. Estas cidades inteligentes e interligadas dependem da recolha de dados para tudo. E é isso que os sensores IoT fazem: recolhem dados e alimentam uma plataforma para serem analisados. Na cidade do futuro, os dispositivos devem ser capazes de comunicar entre si para que possam ser tomadas as melhores decisões.

Como o planeamento do século XXI é diferente

Os governos procuram sempre prever problemas potenciais e resolver os que já estão a acontecer. A mobilidade é um dos temas centrais na gestão de qualquer cidade e um aspecto fundamental para o futuro do urbanismo. Aqueles que estão a tentar criar uma cidade inteligente devem olhar para os principais desafios da mobilidade de diferentes pontos de vista e fazer perguntas como: Precisamos de tantos carros? Devemos ter carros próprios ou partilhá-los? Seria preferível ter veículos autónomos? As possibilidades são infinitas e as respostas variam consoante a cidade.

Alguns dos principais elementos que estão a moldar a mobilidade na cidade do futuro são:

  • Mobilidade partilhada: Os serviços de transporte de passageiros têm vindo a crescer de forma constante desde há anos. E tudo indica que continuarão a crescer. A cidade do futuro é, sem dúvida, uma cidade onde as pessoas partilharão meios de transporte como carros, motas ou scooters. Porquê ter um carro quando existe uma coisa chamada Mobilidade como Serviço (ou MaaS)?
  • Veículos eléctricos: Os carros eléctricos estão a tornar-se mais populares todos os anos, mas as cidades têm um longo caminho a percorrer até estarem totalmente preparadas para “receber” este tipo de veículos. O número de estações de carregamento disponíveis ainda é baixo e a capacidade da rede precisa de ser melhorada. Estes são alguns dos problemas que impedem a adoção em massa de automóveis eléctricos, e as cidades terão de os enfrentar em breve.
  • Gestão do tráfego: O trânsito é um dos principais problemas das zonas urbanas em todo o mundo. Felizmente, estão a surgir diariamente novas soluções para tentar resolver este problema (ou, pelo menos, atenuar as suas consequências).

A cidade de Lisboa, por exemplo, instalou um sistema com Inteligência Artificial que permite analisar o tráfego em mais de 500 cruzamentos e ajustar os sinais em tempo real. Este sistema baseado em IA ajuda a antecipar cenários de congestionamento, mas também melhora o trânsito da cidade que flui melhor, dando prioridade a veículos de emergência que precisem de passar e aos transportes públicos nos seus corredores BUS.

Os edifícios das cidades do futuro não são apenas edifícios

Se quisermos que as cidades do futuro sejam cidades inteligentes será necessário que sejam compostas por edifícios que, entre outras coisas, sejam sustentáveis.

Os espaços onde trabalhamos e vivemos são responsáveis por cerca de 40% das emissões de CO2 no planeta. Os edifícios inteligentes são concebidos tendo em conta a sustentabilidade. Isto significa casas de baixo consumo energético, materiais naturais (como cortiça, argila ou papel reciclado), utilização de energias renováveis ou redução de resíduos através de uma melhor gestão dos mesmos.

E esta não é uma questão de somenos importâncias. As cidades enfrentam diferentes problemas relacionados com a gestão de resíduos, como caixotes do lixo cheios demais, rotas de camiões não optimizadas ou a necessidade de separar materiais mistos para reciclagem. A gestão inteligente de resíduos pode ajudar a resolver este tipo de questões. Os sensores ligados aos caixotes do lixo podem medir o nível de enchimento, enviar um alerta automático se este atingir o limite e otimizar as rotas de recolha dos camiões.

O Futuro é hoje!

À medida que se tornam cada vez mais populosas e os recursos cada vez mais escassos, as cidades precisam focar-se em alcançar um crescimento inteligente. Não há tempo para que isso seja uma coisa do futuro – o futuro das cidades é agora. Felizmente, muitas cidades, em todo mundo, já estão empenhadas em tornarem-se cidades inteligentes e sustentáveis, implementando práticas como a economia circular e a mobilidade inteligente, ajudando a reduzir a pegada de carbono nas áreas urbanas. Na cidade inteligente, a eficiência energética e a sustentabilidade são por isso questões essenciais.

Com o objetivo de responder às exigências urbanas e promover a sustentabilidade, várias cidades futuristas estão a ser construídas em diferentes países. Essas cidades são caracterizadas pelo uso de tecnologias avançadas e de algumas das soluções inovadoras que identificámos acima, permitindo melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes.

De acordo com a Juniper Research, uma consultora internacional líder no sector das tecnologias móveis e digitais, estas são as cinco cidades mais inteligentes e eficientes do planeta em termos de mobilidade, saúde, segurança e produtividade:

Xangai
A cidade chinesa destacou-se devido à Citizen Cloud de Xangai, uma plataforma de dados onde é possível encontrar mais de 1.200 serviços à disposição dos munícipes. Este sistema é a melhor forma de contactar a Câmara Municipal, para além de ter um único número de telefone para falar, sem ter de procurar um contacto específico para cada departamento.

Seoul
A capital sul-coreana está na vanguarda do desenvolvimento da cidade há mais de vinte anos e recentemente implementou vários projetos, como a utilização de robôs de patrulha autónomos e a utilização de proteções inteligentes para evitar o desaparecimento de crianças, através da transmissão de sinais permanentes que permitem seguir a sua localização em tempo real.

Barcelona
A cidade espanhola é a única cidade europeia a figurar entre as cinco primeiras, graças, em parte, a um sistema de transportes que utiliza uma tecnologia maioritariamente renovável e percorre a cidade na diagonal. Além disso, a iluminação pública é LED e o lixo é enviado para contentores inteligentes, o que ajuda a cidade a otimizar a gestão de resíduos.

Pequim
Um cartão virtual automatiza a gestão dos documentos de identificação de todos os cidadãos, enquanto todos os transportes públicos podem ser pagos utilizando o telemóvel. Relativamente à notória poluição da cidade, as fábricas mais poluentes foram identificadas e são obrigadas a encerrar completamente sempre que não têm produção.

Nova Iorque
O epicentro da economia mundial fez progressos em relação aos grandes problemas de consumo de energia e de água que enfrentava até há alguns anos, incluindo um sistema de leitura automática dos contadores. Melhorou também a eficácia da recolha do lixo, graças a contentores e caixotes de lixo alimentados a energia solar.

Uma tendência na aldeia global

Todas estas cidades são um exemplo de reinvenção, mas, paralelamente, surgiram novas metrópoles 100% inteligentes. É o caso de Masdar (Dubai), uma eco-cidade totalmente sustentável e sem automóveis; de Dongtan, perto de Xangai, onde só serão utilizadas energias renováveis e onde quase todos os resíduos produzidos serão reciclados; e de Apern que, a apenas 14 quilómetros de Viena, incluirá edifícios e sistemas de mobilidade sustentáveis, uma utilização eficiente dos recursos energéticos renováveis e a agricultura urbana.

Estes exemplos demonstram que as cidades do futuro estão mesmo a tornar-se uma realidade em várias partes do mundo e essa transformação irá contribuir para melhorar a sustentabilidade, a qualidade de vida e a eficiência dos centros urbanos.

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