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Prevenir é a palavra de ordem 

Desastres naturais, como terremotos, podem ocorrer a qualquer momento e causar danos significativos a estruturas, vidas e economias. Para áreas suscetíveis a atividades sísmicas, a construção antissísmica é crucial para garantir a segurança das pessoas e a proteção dos bens.

Segundo o Relatório sobre Riscos Globais 2023 do Fórum Económico Mundial, as catástrofes naturais, como terramotos, inundações e incêndios florestais, são o segundo risco mais grave que o mundo enfrentará nos próximos dois anos.

Um risco real que pode bater-nos à porta

Devido à sua localização, junto à fronteira de placas Euro-Asiática e Africana (Núbia) designada por fratura Açores-Gibraltar, o território de Portugal Continental e Insular é caracterizado por uma zona de sismicidade assinalável.

Como é sabido, o nosso país regista uma forte tradição sísmica, tendo sido atingido por vários terramotos ao longo da sua história. Em 1755, o Grande Terramoto de Lisboa provocou a morte de milhares de pessoas e a destruição de grande parte da cidade.

Ainda assim, de acordo com o geofísico José Borges, do Centro Geofísico de Évora, Portugal é um país de risco sísmico moderado, classificação que lhe traz um problema: a memória coletiva das grandes catástrofes é fraca porque a probabilidade da sua ocorrência é historicamente baixa, ao contrário do que acontece noutros países da Europa do Sul como a Itália, a Grécia ou a Turquia.

Para evitar que tragédias semelhantes ao terramoto de 1755 aconteçam no futuro, é essencial construir edifícios que sejam resistentes a sismos. A construção antissísmica é uma área de engenharia que se dedica ao desenvolvimento de técnicas e materiais que permitem construir estruturas capazes de suportar os efeitos de um sismo.

Portugal é um país de risco sísmico moderado, classificação que lhe traz um problema: a memória coletiva das grandes catástrofes é fraca.

Não podemos impedir a ocorrência de um sismo, mas podemos tentar prevê-lo e tomar as devidas precauções para minimizar as suas consequências no plano humano.

As vantagens dos edifícios resistentes aos terramotos

A redução do número de vítimas durante um sismo passa por adaptar as estruturas dos edifícios e de outros tipos de obras às solicitações dinâmicas. Este é o objeto da construção antissísmica.

“Os danos nos edifícios são a principal causa de morte, ferimentos e perdas de propriedade resultantes dos sismos”, afirma o US Resiliency Council, que gere sistemas de classificação do desempenho dos edifícios, nos Estados Unidos da América.

O Conselho afirma que garantir que os edifícios resistam aos sismos não só salva vidas e evita ferimentos, como também reduz as consequências económicas destas catástrofes. Há também benefícios ambientais, uma vez que há menos necessidade de depositar os detritos em aterros e não há consumo e emissões gastos nos esforços de reconstrução.

Amadeo Benavent, catedrático de Estruturas na Escola Técnica Superior de Engenheiros Industriais da Universidade Politécnica de Madrid explicou, numa entrevista ao jornal El País, que “é muito importante projetar as construções novas e recondicionar as existentes de acordo com as normativas mais atuais e avançadas”.

Na Europa, a norma vigente é o Eurocódigo 8, considerado muito completo e adotado no nosso país. Os edifícios convencionais estão preparados para resistir ao seu próprio peso, ou seja, o que é produzido pela gravidade. Mas quando ocorre um terremoto, o tremor faz com que o edifício se mova na direção horizontal. Com esse movimento, os vários andares podem desmoronar uns sobre os outros.

O Eurocódigo 8 tem como objetivo fundamental proteger as vidas humanas. Para isso, estabelece regras para projetar os edifícios de forma a resistirem aos sismos. A norma abrange a construção de novos edifícios e a adequação sísmica dos que já existem.

Para aumentar a resistência antissísmica dos edifícios, podem ser empregadas várias técnicas, como acrescentar muros estruturais de cimento armado, barras diagonais, muretas laterais nos pilares ou reforçar os pilares com presilhas de aço. Algo muito importante é a conexão das vigas com os pilares, para que não se separem com o movimento, o que causaria o desabamento do andar.

Como estar prevenido em caso de sismo?

“Baixar, proteger e aguardar”, são as palavras-chave que tem de memorizar, para saber como agir em caso de sismo, segundo o folheto informativo disponibilizado pela Cruz Vermelha Portuguesa.

Baixar, Proteger, Aguardar

Além de ser importante saber como atuar em caso de sismo, é essencial estar preparado para um possível tremor de terra:

  • Identifique e corrija os riscos da sua casa
  • Organize um plano familiar de emergência
  • Prepare um kit de emergência (este deve incluir enlatados, um kit de primeiros socorros, um extintor e uma lanterna e um rádio a pilhas)
  • Identifique e corrija os pontos fracos do seu edifício
  • Ensine todos os familiares como desligar a eletricidade e cortar a água e o gás.
  • Tenha à mão, em local acessível, os números de telefone de serviços de emergência

O que fazer se estiver em casa, no trabalho ou noutro edifício?

Tente ficar onde está. Não se precipite, não se dirija para as escadas e nunca utilize o elevador. Em alternativa, mesmo que esteja num dos andares superiores, procure o vão de uma porta interior, um canto de uma sala ou abrigue-se numa mesa/cama. Ajoelhe-se e proteja-se com os braços à volta da cabeça. Ao baixarmo-nos evitamos sermos atirados para o chão. O proteger-se defende-o dos objetos em queda.

Não tenha pressa em sair do local. As escadas e portas são pontos que facilmente se enchem de escombros e podem ficar obstruídos por pessoas que tentam deixar o edifício.

Evite, ainda, estar perto de janelas ou espelhos e fique atento à queda de candeeiros, móveis ou outros objetos. Se o seu local de trabalho for uma fábrica mantenha-se afastado de máquinas que possam tombar ou deslizar.

O que fazer depois do Sismo?

Após o sismo, deve tentar manter a calma. Tenha atenção, um sismo é, por norma, seguido de possíveis réplicas. Continue sem utilizar o elevador. Ligue um rádio e cumpras as recomendações das autoridades.

Tenha cuidado com possíveis fugas de gás. Não fume, nem acenda fósforos ou isqueiros e limpe os produtos inflamáveis que tenham sido derramados, como álcool ou tintas.

Evite circular na rua, estas devem estar livres para as viaturas de socorro. Apenas use o telefone em caso de emergência. Para ter luz recorra a lanternas a pilha e não passe por locais onde existam fios elétricos soltos.

Veja abaixo o vídeo da DECO Proteste, que ensina a organizar um kit de sobrevivência – uma mochila que deverá ter preparada e à mão para estas situações e que fará a diferença em situações-limite.

Image by ibrandify on Freepik

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